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18/01/2013

CARTA DE UM ADOLESCENTE




Esta é uma carta de ADEUS de um jovem de 19 anos. O caso é verídico. E aconteceu em um hospital de São Paulo.

PAI, como eu gostaria de voltar atrás e ouvir os teus conselhos e ensinamentos. A minha rebeldia só cousou-me dor e sofrimento. Hoje, neste frio leito hospitalar, a esperar a morte chegar, eu quero revelar-lhe o nome de quem está a levar-me para o cemitério. Não sei como você receberá este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é tempo. Sinto muito meu pai, penso que este será o último diálogo que terei com o senhor, sinto muito mesmo. Pai, já passou da hora do senhor saber de toda verdade da qual jamais desconfiou. Serei breve, claro e bastante objetivo.
O TÓXICO: é o grande responsável pelo meu sofrimento e pela minha morte. Travei conhecimento com o meu assassino aos 15 anos de idade. É horrível, pai, sabe como conheci esta desgraça? Foi através daqueles que eu considerava os meus melhores amigos, da escola e do bairro onde morávamos.
Eu tentei recusar, tentei mesmo; mas eles mexeram com o meu brio, a dizer que eu era um “CARETA”, que eu não era homem, etc.: não é preciso dizer mais nada, não é pai? Não querendo ser taxado de “CARETA”, acabei entrando para o terrível mundo das DROGAS.
No começo foi a “pseudofelicidade”, depois: o devaneio, a escuridão, a falta de ar, o medo e as alucinações. Não fazia nada sem que o TÓXICO estivesse presente. Logo após a euforia do pico, e novamente, sentia-me mais gente que as outras pessoas; e, o TÓXICO, meu amigo inseparável, sorria da minha desgraça.
Pai, quando a gente começa a usar DROGAS, pensa que o mundo é ridículo e engraçado. Cheguei a zombar de DEUS e a duvidar da existência Dele. Hoje, no leite de um hospital, reconheço que DEUS é mais importante que tudo no mundo e eu; sem a ajuda Dele não estaria agora a escrever-lhe esta carta, pai, eu só estou com 19 anos e sei que não tenho a menor chance de sobreviver. É tarde demais para mim. Mas ao senhor, meu pai, tenho um último pedido a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que conheça e àqueles que venham a conhecer. Diga-lhes que em cada escola, em cada faculdade e em quaisquer lugares, há sempre falsos amigos; e até mesmo namorados, (note que eu digo namorados e não enamorados) prontos a oferecer-lhes aquela que poderá ser a destruição das vidas deles: AS DROGAS; como aconteceu comigo. Por favor, pai, faça isso, antes que seja tarde demais para eles também.
Pai perdoe-me: eu já sofri demais, perdoe-me também pelo que o fiz sofrer e pelas minhas loucuras e irresponsabilidades.
ADEUS MEU PAI!
"É melhor ser um CARETA vivo, a ser um drogado morto".


Algum tempo após haver escrito esta carta, o jovem faleceu.



Fonte: Mauro Borges. - Jornal Mauro Borges – São Paulo SP

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